Exportação de carne bovina teve ano difícil, mas com recorde de receita e ganho no preço médio

 

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A pecuária de corte viveu um ano desafiador no Brasil em 2021. Se, por um lado, o preço da arroba ganhou patamares recordes, por outro, os custos de produção também tiveram um aumento significativo, comprometendo a rentabilidade do produtor. As exportações tiveram um papel importante no destino da carne que não foi absorvida pelo mercado interno. eu conversei com o presidente da associação brasileira das indústrias exportadoras de carnes que fez um balanço de 2021 e falou também sobre as perspectivas para 2022.

De janeiro a novembro deste ano, o Brasil exportou quase um 1,7 milhão de toneladas de carne bovina. Tal volume representa 8% a menos na comparação com o mesmo período de 2020 (1,845 mi de t). Mesmo assim, em receita, houve um ganho de 9,4%, passando de USS 7,763 bilhões para US$ 8,489. O preço médio melhorou ainda mais: 19%, saltando de US$ 4.207 dólares por tonelada para US$ 5.008.

 

Carne para a China

O principal imprevisto nas exportações brasileiras foi a interrupção de compras de carne bovina pela China, após o aparecimento de casos suspeitos do mal da vaca louca. O embargo durou praticamente 100 dias, mas, segundo a Abiec, a situação foi resolvida antes que pudesse causar um prejuízo muito maior.

“Talvez o maior prejuízo que a gente pudesse ter com essa paralisação e reabertura do mercado chinês, fosse a ausência por muito tempo do nosso produto na compra. Esse é um processo que tem muito desgaste e com custo altíssimo para recuperar”, afirma Camardelli. Mas o produto brasileiro ficou muito pouco tempo fora das gôndolas, diz o representante da Abiec. “A gente continua lá e talvez esse seja o grande objetivo de um retorno eficiente dentro das comprovações técnicas, que é não fugir do olho do consumidor num mercado tão demandante e tão competitivo.

O Brasil é muito dependente do mercado chinês na exportação de todas as carnes. Especialistas dizem que a recuperação do rebanho suíno chinês vai afetar os embarques brasileiros de carne de porco. Por outro lado, novos surtos de peste suíno africana surgiram este ano na China, colocando mais um ponto de interrogação nessa previsão de mercado futuro. O presidente da Abiec diz que, mais importante do que especular, é ficar atento aos sinais vindos de lá.

“O imposto do suíno aumentou de 8% para 12%. Isso tem um recado de proteção ao grande estímulo que o país fez em relação ao consumo e à criação do sistema pouco dependente ou maciçamente pouco dependente de importações. Por outro lado, eles baixaram os impostos da importação de pescados, o que mostra que estão trabalhando com outras proteínas”, diz Camardelli.

Camardelli ressalta a importância da sinergia criada neste ano entre os órgãos do governo e os setores privados. “A gente vê hoje o Ministério das Relações Exteriores com a criação de uma secretaria específica, a gente vê a ministra Tereza [Cristina, da Agricultura] com a batuta na mão orquestrando com empatia, com capacidade e com conhecimento de causa. Eu acho que esse foi o grande ponto de apoio que nós tivemos durante esse ano”, pondera.

 

Perspectivas

Para Abiec, 2022 traz perspectivas positivas para pecuaristas, suinocultores e avicultores, apesar de a cadeia produtiva ainda sentir os efeitos da pandemia — como a dificuldade de importação de insumos, como produtos veterinários, e a desorganização comercial provocada pela Covid-19.

“Mas com a base que a gente tem, uma cadeia produtiva muito pouco arranhada em relação aos seus conceitos básicos e com garantia de demanda, o que está acontecendo e o que vai acontecer nos permite recuperar num prazo bastante curto. As mesmas proporções e aquele mesmo fluxo que vinha sendo praticado com a China. Se a gente considerar que não acessamos 40% do mercado internacional importador mundial que tem a maior remuneração, nós estamos num cenário de continuidade nessa expectativa de sucesso e vamos em frente”, finaliza Camardelli.

 

 

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